segunda-feira, 28 de outubro de 2013

Max Weber - Dominação (Tradicional, Carismática e legal)

Há uma relação de dominação quando uma quantidade qualquer de indivíduos obedecem a uma ordem vinda de parte da sociedade, seja ela composta por uma ou por diversas pessoas. A dominação é sempre resultado de uma relação social de poder desigual, onde percebe-se claramente a existência de um lado que comanda (domina) e outro que obedece. Podemos assemelhar assim a dominação a qualquer situação em que encontremos indivíduos subordinados ao poder de outros. Mas a dominação difere das relações de poder em geral por apresentar uma tendência a se estabilizar, a procurar se manter sem provocar confrontos. Em outras palavras, as relações de dominação dentro de uma sociedade se caracterizam por buscar formas de legitimação, de serem reconhecidas como necessárias para a manutenção da ordem social. O sociólogo Max Weber apresentou, em um de seus estudos mais importantes, três tipos puros de dominação legítima, cada um deles gerando diferentes categorias de autoridade. São classificados como puros porque só podem ser encontrados isolados no nível da teoria, combinando-se quando observados em exemplos concretos. O primeiro deles é a dominação tradicional. Significa aquela situação em que a obediência se dá por motivos de hábito, porque tal comportamento já faz parte dos costumes. É a relação de dominação enraizada na cultura da sociedade. Um exemplo extremamente claro é o da família patriarcal: os filhos obedecem aos pais devido a uma relação de fidelidade há muito estabelecida e respeitada. O segundo tipo de dominação é a carismática. Nela a relação se sustenta pela crença dos subordinados nas qualidades superiores do líder. Essas qualidades podem ser tanto dons sobrenaturais quanto a coragem e a inteligência inigualáveis. Podemos tomar como exemplo qualquer grupo religioso centrado na figura do profeta, que apenas através de suas habilidades e conhecimentos pessoais, sem o uso da força, consegue arregimentar um grande número de seguidores. O último tipo de dominação é a dominação legal, ou seja, através das leis. Nessa situação, um grupo de os indivíduos submete-se a um conjunto de regras formalmente definidas e aceitas por todos os integrantes. São essas regras que determinam ao mesmo tempo a quem e em que medida as pessoas devem obedecer. Um exemplo ilustrativo é o do empregado que acata as ordens de um superior, seja ele o patrão ou não, de acordo com as cláusulas (regras, leis) do contrato assinado por todas as partes. Uma outra questão apontada por Weber é que, conforme a relação de dominação tem seu alcance ampliado, torna-se necessária a adoção de mecanismos que possibilitem a sua expressão uniforme e que garantam a execução de suas ordens, mecanismos estes que geralmente se apresentam sob a forma de equipes de apoio. Cada um dos tipos apresenta uma maneira especial de selecionar pessoas para essas equipes. Num contexto tradicional seus integrantes são determinados conforme sua experiência, sua fidelidade e sua intimidade com a tradição são reconhecidas pelo grupo e pelos seus superiores. Em um ambiente carismático a equipe é pessoalmente escolhida pelo líder, de acordo com as afinidades entre eles. Mas não podemos deixar de assinalar a importância de que os escolhidos também apresentem qualidades que garantam sua proeminência sobre a população. Por fim, num meio mantido por regras comuns, a determinação dos membros da equipe deve seguir, da mesma maneira, normas universais. Nesta caso essas normas geralmente se resumem à competência e à eficiência para executar as atividades necessárias, e a burocracia aparece como sua forma mais completa.