domingo, 16 de outubro de 2022

SEMIÓTICA

 



Semiótica



A semiótica, de maneira geral, é uma doutrina ou um modo de reflexão sistemática sobre os signos (aqui, naturalmente, não no sentido astrológico, popularmente adotado, mas no sentido em que aponta ou dá significado a algo), sua classificação, as leis que os regem e seus usos no âmbito da comunicação e seus significados. Em sentido mais estrito, adotado a partir do século XX, a semiótica passou a dizer respeito a uma disciplina acadêmica de caráter autônomo. Este termo foi amplamente utilizado no mundo de língua inglesa (Reino Unido e Estados Unidos), tendo sido introduzido pelo filósofo inglês John Locke (1632 – 1704), e também na Alemanha e no Leste-Europeu. Apesar de, por muitos anos, ter prevalecido o termo “semiologia” entre os chamados estruturalistas franceses, termo introduzido pelo linguista suíço Ferdinand de Saussure (1857 – 1913), o termo semiótica foi adotado definitivamente como padrão para os estudos dos signos a partir do ano de 1969.

O estudo da semiótica está inserido no interior da chamada teoria dos signos, uma teoria filosófica e científica que se ocupa de tudo o que carrega consigo algum sentido, que comunica algo e que transmite alguma informação. Uma semiótica pode ser, primeiramente, dividida em dois âmbitos: um específico e um geral. No âmbito específico, a semiótica tem um caráter gramático, dedicando-se a estudos linguísticos, de sistemas de sinalização (como no trânsito, por exemplo), de gestos, de notação musical, etc. No âmbito geral, por sua vez, a semiótica assume um caráter mais propriamente filosófico, não se dedicando à análise dos sinais já dados, mas construindo-os de modo teórico, a fim de explicar fenômenos que, por si, aparentam ser desiguais. Nesse sentido, alguns estudiosos compreendem um signo como algo que define um termo linguístico, uma imagem, um gesto, um sintoma físico. Outros teóricos ampliam ainda mais o sentido do signo, atribuindo a ele também fenômenos naturais, como a comunicação dos animais. Há, também, aqueles que limitam o signo aos artifícios criados pelos seres humanos exclusivamente para fins de comunicação (palavras, gestos, sinais de fumaça, etc.).

Outra divisão da semiótica também pode ser feita, no que diz respeito à linguística, em três áreas: pragmática, que estuda como as pessoas, as máquinas ou os animais utilizam os signos; semântica, que estuda a relação dos signos e de seus diferentes significados, independentemente dos modos como são utilizados; por fim, sintaxe, que estuda a relação dos signos em si mesmos, desconsiderando tanto o seu uso quanto seu significado.

Mais uma divisão encontrada dentro dos estudos da semiótica diz respeito ao sentido do termo “signo”, referido no primeiro parágrafo. Tal divisão distingue o signo entre símbolos, ícones e índices.

Um símbolo, também chamado de “signo convencional”, é comum às formas naturais de linguagem. É um signo cuja forma não tem qualquer correspondência direta com aquilo que ela se refere e que não indica necessariamente sua presença quando ele é utilizado. Nesse sentido, uma palavra escrita é um símbolo. Por exemplo: a palavra CÃO não se parece com um cachorro e pode estar escrita em algum lugar onde não há nenhum cachorro.

Um índice, ou “signo natural”, é um signo que é casual ou estatisticamente relacionado àquilo a que ele se refere e que não é produzido de maneira intencional. Nesse sentido, seguindo o exemplo anterior, um latido indica que há um cão.

Por fim, um ícone é um signo cuja forma corresponde àquilo a que ele se refere. Exemplo: uma placa com o desenho de um cão lembra, imediatamente, um cão.

Alguns dos principais teóricos da semiótica são Ferdinand de Saussure, Charles Peirce (1839 – 1914) e Umberto Eco (1932 – 2016).

Referências:

AUDI, Robert. The Cambridge Dictionary of Philosophy. New York: Cambridge University Press, 1999.

ABBAGNANO, Nicola. Dicionário de filosofia. Trad. Alfredo Bosi e Ivone Castilho Benedetti. São Paulo: Martins Fontes, 2007.

BUNNIN, Nicholas; YU, Jiyuan. The Blackwell Dictionary of Western Philosophy. Oxford: Blackwell Publishing, 2004.

Texto originalmente publicado em https://www.infoescola.com/filosofia/semiotica/


Doutorado em andamento em Filosofia (UERJ, 2018)
Mestre em Filosofia (UERJ, 2017)
Graduado em Filosofia (UERJ, 2015)

Umberto Eco



Umberto Eco




Biografia


Umberto Eco (1932-2016) foi um escritor, professor, filósofo e crítico literário italiano. Autor do best-seller “O Nome da Rosa”, exerceu grande influencia nos círculos intelectuais de todo o mundo, nas décadas de 60 e 70, por sua teoria da “obra aberta” e outras pesquisas na área da estética e da semiótica.

Umberto Eco nasceu em Alexandria, no noroeste da Itália, no dia 5 de janeiro de 1932. Era filho de Giulio Eco e Giovanna Eco. Viveu a primeira infância sobre a sombra do fascismo.

Com 10 anos de idade, Eco foi vencedor de um concurso de redação, com o tema proposto: “Devemos morrer pela glória de Mussolini e pelo destino imortal da Itália?”.

Ainda estudante, deixou de acreditar em Deus - um dos pilares de sua educação - e abandonou a religião.

Formação


Umberto Eco estudou Filosofia na Universidade de Turim. Dedicou-se à filosofia com a ajuda de Luigi Pareyson.

Doutorou-se em estética em 1961 após escrever alguns estudos sobre estética medieval. Seus primeiros trabalhos foram dedicados ao estudo da estética medieval, especialmente sobre os textos de São Tomás de Aquino. Escreveu "Il Problema Estetico de San Tommaso" (1956).

Tornou-se professor em diversas cidades italianas. Além de conciliar suas pesquisas, ministrou cursos em outros países europeus e nos Estados Unidos.

Lecionou na Universidade de Turim de 1956 a 1964. Em 1971 tornou-se professor da Universidade da Bolonha.

Carreira literária


A vocação primeira de Umberto Eco foi para o ensaio e para a crítica, publicou mais de trinta livros nesse gênero, contra apenas sete romances, nos quais havia sempre uma divagação para o ensaio.

Umberto Eco impõe-se como teórico com a publicação de “Obra Aberta” (1962), na qual sugere não somente uma teoria estética, mas uma história da cultura, vista através da história das poéticas.

Concebe a obra aberta como um modelo teórico, hipotético, de mensagens indeterminada, ambígua e incitam os receptores a uma participação mais ativa no processo de criação e interpretação.

Em 1964, Eco publicou a obra “Apocalípticos e Integrados” onde analisa as duas posições possíveis ante o fenômeno da cultura de massa no mundo contemporâneo.

Na obra, elaborou a tese de que os “apocalípticos" seriam aqueles que defendiam uma arte erudita contra a influência da cultura de massas, ao passo que os “integrados” defendiam a massificação de produtos culturais como consequência positiva da democratização.

Umberto Eco foi considerado um dos expoentes da nova narrativa italiana, iniciada por Ítalo Calvino. Exerceu grande influência sobre os meios intelectuais ao estudar os fenômenos de comunicação ligados à cultura de massas, como histórias em quadrinhos, telenovelas e cartazes publicitários.

Nos anos 70, passou a se dedicar ao estudo da semiótica, estabelecendo novas perspectivas sobre o assunto sob a influência de filósofos como John Locke, Kant e Peirce, abandonando as teorias semiológicas do linguista Ferdinand Saussure.

Obras importantes desse período: “As Formas do Conteúdo” (1971) e o livro “Tratado Geral de Semiótica” (1975).

Na obra "O Super-Homem de Massa" (1978), o autor volta-se para a literatura popular que desde o início do século XIX produziu heróis como o Conde de Monte Cristo, Rocambole, Tarzan ou James Bond.

O Nome da Rosa


Em 1980, Umberto Eco publicou "O Nome da Rosa", seu primeiro romance, que o consagrou.

Ambientado em um mosteiro da Itália medieval, entre mortes obscuras e uma biblioteca que encerra segredos inomináveis – uma alusão aos muitos atentados políticos da Itália, notadamente a morte do ex-primeiro ministro Aldo Moro, em 1978.

A morte de dois assistentes de Umberto Eco em condições misteriosas atiçou ainda mais a imaginação dos leitores. A obra tornou-se um best-seller mundial e gerou uma versão cinematográfica, lançada em 1986.

O Pêndulo de Foucault


Em 1989, Eco lançou "O Pêndulo de Foucault", que ele classifica como "um romance das ideias, sobre a relação entre razão e irracionalismo".

A trama é um plano conspiratório feito um pouco por diversão que sai do controle quando os personagens passam a ser perseguidos por uma sociedade secreta que os toma por detentores de um segredo dos Cavaleiros Templários.

O Cemitério de Praga


Em 2010, Umberto Eco lançou “O Cemitério de Praga”, na obra, o avô do protagonista é um antissemita que acredita que os maçons, os templários e a seita secreta dos Iluministas estiveram por trás da Revolução Francesa.

História das Terras e Lugares Lendários

Autor de romances eruditos que se tornaram best-sellers, Umberto Eco se dedicou também ao que em inglês se chama coffee table books – aqueles livros vistosos próprios para enfeitar a mesa de centro da sala.

Nesse mesmo gênero, já havia publicou “História da Beleza”, “História da Feiura” e a “Vertígem das Listas” Ee Histórias das Terras e Lugares Lendários, ele segue a mesma linha: não tem a profundidade teórica de outros ensaios.

Contudo, é um compêndio rico em informações, complementado por uma iconografia de textos literários que vão de Plínio o Velho, ao próprio Eco.

O tema são as terras lendárias que já foram tidas por reis e inflamaram a ambição de viajantes e aventureiros, como o Eldorado.

Número Zero


Em seu último trabalho, “Número Zero” (2015), o autor critica o mau jornalismo e a manipulação dos fatos. Leva seu interesse pelas teorias conspiratórias para o ambiente da redação de um jornal de Milão, em 1992.

Umberto Eco faleceu em Milão, Itália, no dia 19 de fevereiro de 2016.

Frases de Umberto Eco


"Nem todas as verdades são para todos os ouvidos".

"Quando os verdadeiros inimigos são muito fortes, é preciso escolher inimigos mais fracos".

"Se a rendição à ignorância e chamá-la de Deus sempre foi prematuro, continua prematuro até hoje".

"As pessoas nascem sempre sob o signo errado, e estar no mundo de forma digna significa corrigir dia a dia o próprio horóscopo".

Outras Obras de Umberto Eco


· Tratado Geral de Semiótica (1975)

· Pós-escrito a O Nome da Rosa (1983)

· Arte e Beleza Na Estética Medieval (1986)

· O Segundo Diário Mínimo (1992)

· A Ilha do Dia Anterior (1994)

· Em Que Creem os que Não Creem (1996)

· Sobre a Literatura (2002)

· Da Árvore ao Labirinto (2007)

· A Misteriosa Chama da Rainha Loana (2009)

· O Cemitério de Praga (2010)

· Construir o Inimigo (2011)

· Confissões de um Jovem Romancista (2011)

Obras póstumas


Em dois lançamentos póstumos de Umberto Eco - um artigo clássico sobre o fascismo e uma coleção de conferências - mostram como o escritor viajava no ensaio.

O Fascismo Eterno (2019) é um ensaio que já constava em "Cinco Escritos Morais", de 1997. Nela, Eco argumenta que, comparado ao nazismo, seu irmão alemão, o fascismo italiano era mais frouxo - uma ideologia marcada pela "debilidade filosófica.

Nos Ombros do Gigante (2019) é coletânea de textos nos quais Eco revisa e revisita temas que lhe são caros, mas sem avançar novas proposições teóricas ou achados críticos. São doze conferências produzidas especialmente para "La Milanesiana", um festival cultural de Milão.

A obra oferece um passeio por temas como: a natureza dos personagens de ficção, a fluidez de nossos critérios de beleza e o fascínio que conspirações imaginárias exercem sobre tantos crédulos.

Por Dilva Frazão

Biblioteconomista e professora

segunda-feira, 21 de setembro de 2015

Trabalho Cordisburgo






QUESTÕES:


1) Cordisburgo é conhecida por fazer parte do circuito turístico das Grutas, teve grande destaque por ser a terra natal do escritor João Guimarães Rosa. 


A “cidade do coração” teve esse nome de qual origem sociocultural?


2) Qual o impacto desse patrimônio cultural e turístico para Minas Gerais e sua cidade onde vive? (Betim, Contagem, Bh).


3) Quem foi Peter Wilhelm Lund e qual a relação com a “Casa Elefante”?


4) Qual a importância de Peter Lund para a cidade de Cordisburgo?


5) Tigre Dente-de-Sabre e a preguiça gigante faz parte do zoológico de pedras de qual descoberta arqueológica? 


6) Qual a importância de Guimarães Rosa para a cidade de Cordisburgo?


7) Qual a relação do Museu e Guimarães Rosa?


8) Responda todas as questões em seu caderno de sociologia e entregue somente um texto relacionando todas as respostas contextualizadas.

quarta-feira, 9 de setembro de 2015

Etnocentrismo e relativismo cultural

Etnocentrismo consiste em considerar o próprio grupo como o centro e suas normas como as corretas, avaliando e julgando os demais grupos a partir dele. a cultura de nosso grupo, de nosso povo, é vista como superior. As outras são consideradas tanto mais desenvolvidas quanto mais se aproximem da nossa. Um exemplo clássico de etnocentrismo é o dos colonizadores europeus, diante dos povos indígenas. Os europeus consideravam-se "a civilização"e os índios eram tidos como bárbaros, primitivos e atrasados. O etnocentrismo transforma a cultura do grupo em padrão de medida. Nossa religião é a verdadeira, nossa raça é superior; nossa sociedade é mais desenvolvida; nosso país é melhor do mundo; etc.
De acordo com o relativismo cultural, por outro lado, cada aspecto ou característica de uma cultura refere-se a seu ambiente, a seu grupo. Cada comportamento é bom ou mau em relação à cultura em que está inserido. não podemos analisar e compreender os comportamentos de outros grupos e culturas com os critérios, valores e motivos do nosso grupo e de nossa cultura.
Vejamos alguns exemplos: entre nós, a justiça pelas próprias mãos e a vingança são condenáveis, mas entre esquimós são perfeitamente normais.
O relativismo cultural, portanto, opõe-se ao etnocentrismo.

Questões:

1 - O que é etnocentrismo? Dê exemplos.
2 - O que é relativismo cultural? Dê exemplos.
3 - Agora fale nas suas palavras o que você acha destes dois termos e como podemos relacioná-los com nossos dias.

Ideais Iluministas

O iluminismo ocorreu durante o século XVII na Europa e objetivava propor uma organização social pela razão, frente o contexto religioso que imperava no mundo europeu desde o início da Idade Média.
Nessa situação, a população tornou-se consciente de seus direitos e percebeu que a Igreja, sobretudo a Católica, não era tão benéfica e tão ética com os compromissos sociais, como falsamente a instituição pregava durante longos doze séculos até então.
A partir de então, uma corrente ideológica emerge na Europa, propondo por A mais B que a razão é a melhor forma de se administrar a sociedade, uma vez que a Igreja não lutava contra a desigualdade economica e segregação social que se apresentava na sociedade na época.
Perdendo popularidade e poder ideológico social, a Igreja é forçada gradativamente a aceitar o modelo heliocentrico (sol no meio do sistema solar), dentre outras teorias científicas que até então era negada pela instituição.
É importante considerar que o movimento iluminista influenciou fortemente a Revolução Francesa, a inconfidência Mineira no Brasil e a Independência das Colônias Ingresas na América do Norte.
Durante o iluminismo, é merecido destaque ao século XVII, o Século das Luzes, por sua contribuição imensurável as ideias iluministas que objetivavam, como por exemplo, igualdade, fraternidade e liberdade, que foram as palavras chaves da revolução Francesa.
Segundo os filósofos iluministas, o ser humano é por natureza racional e boa, todavia devido a forças sociais, ele é corrompido. Exemplo disso, é o absolutismo e o mercantilismo que segregavam a sociedade europeia com sua concentração de recursos financeiros.
Dentre os principais, filósofos do iluminismo, destaca-se: John Locke (1632 - 1704), afirmava que o homem adquiria conhecimento com o passar do tempo através do conhecimento popular ou empirismo; Voltaire (1694 - 1778), defendia a liberdade de pensamento, bem como a promoção do pensamento crítico e a intolerância religiosa, Jean Jacques Rousseau (1712 - 1778), defendeu a ideia de um estado democrático que garanta igualdade para todos, enquanto Montesquieu (1689 - 1755) dividiu o poder político em Judiciário, Legislativo e Executivo; Jean Le Rond d'Alembert (1717 - 1783) e Denis Diderot (1713 - 1784) organizaram uma enciclopédia com conhecimento e pensamentos filosóficos inerentes a sua época.

Questões:

1- O que foi o Iluminismo?
2- Quais são as principais ideias iluministas?
3 - Discorra brevemente sobre as ideias dos principais filos'ofos do iluminismo.
4 - Por que a igreja perdeu controle social?
5 - Cite três momentos hist'oricos que receberam massiva influência do iluminismo.

terça-feira, 3 de março de 2015

Classicos da sociologia (Marx, Weber e Durkheim)

KARL MARX
Para Marx , há uma tendência histórica das relações sociais se mercantilizarem: tudo vira mercadoria.
Provavelmente Marx tenha dado tanta importância à economia porque estivesse presenciando as mudanças sociais provocadas pela Revolução Industrial, principalmente nas relações de trabalho.  A partir da centralidade da mercadoria no pensamento de Marx, podemos entender alguns de seus conceitos mais importantes.  Comecemos pela divisão do trabalho. 
DIVISÃO DO TRABALHO
Evolutivamente, a divisão do trabalho é a segunda maneira de construir relações sociais de produção, que são formas como as sociedades se organizam para suprir suas necessidades.  A primeira é a cooperação. Falar em divisão do trabalho em Marx é falar em formas de propriedade.  Isso porque a divisão do trabalho se dá entre quem concede e quem executa o trabalho, entre os donos dos meios de produção e os donos da força de trabalho.
CLASSES
Da divisão do trabalho surgem as classes.  Para Marx, as classes não são constituídas de agregados de indivíduos, mas são definidas estruturalmente: as classes são efeito da estrutura.  No modo de produção antigo as classes eram a dos patrícios e dos escravos; no modo de produção feudal, havia senhores e servos; no modo de produção capitalista, burgueses e operários.  Há sempre uma relação de oposição entre duas classes, de modo que uma não existe sem a outra.  Esta oposição ele chamou de luta de classes.
LUTA DE CLASSES
As lutas de classes assim como as classes decorrem da divisão do trabalho.  Nas sociedades modernas a luta de classes se dá entre capitalistas ou burgueses (donos dos meios de produção) e trabalhadores ou proletariado (donos da força de trabalho).  O trabalho nas sociedades modernas é denunciado por Marx pelo seu caráter exploratório do trabalhador.  No entanto, Marx vê uma solução para esta relação exploratória: a revolução que seria feita pelo proletariado.  No entanto, a revolução do proletariado contra o modo de produção capitalista só não acontece, segundo Marx, devido à alienação.
FETICHISMO
A separação da mercadoria produzida pelo trabalhador dele mesmo esconde o caráter social do trabalho.  O fetichismo se dá quando a relação entre os valores aparece como algo natural, independente dos homens que os criaram. A criatura se desgarra do criador. O fetichismo incapacita o homem de enxergar o que há por trás das relações sociais. E o maior exemplo de fetichismo da mercadoria é a mais-valia.
MAIS-VALIA
A mais-valia é o excedente de trabalho não pago, não incluído no salário do trabalhador.  É a mais-valia que forma o lucro que será investido para aumentar o capital.
ALIENAÇÃO
A alienação faz com que o trabalhador não se reconheça no produto de seu trabalho, não percebendo a sua condição de explorado.  A solução para o problema da alienação passa por uma luta política do próprio proletariado e não pela educação.
IDEOLOGIA
Como dissemos, as classes dominantes controlam os meios de produção.  A infraestrutura (conhecimentos, fábricas, sementes, tecnologia etc.), que está nas mãos da classe dominante, determina a superestrutura (Estado, Direito, Religião, Cultura etc.).  A superestrutura é uma construção ideológica que serve para garantir o poder da classe dominante, mantendo a classe trabalhadora alienada.
PRINCIPAIS CRÍTICAS SOCIOLÓGICAS A MARX
Marx não reconhece outros fatores de formação social além dos econômicos.  Para ele, a economia determina todas as relações sociais, o que foi amplamente apropriado pelos economistas.  Existem critérios não econômicos que as ideias de Marx não dão conta na hora de analisar sociologicamente uma sociedade.  Por exemplo, Marx desconsidera a divisão técnica do trabalho.  Para ele, a divisão do trabalho obedece apenas fatores econômicos.
As ideias de Marx aproximam-se mais de uma filosofia moralista que de uma produção científica.  Talvez este seja o motivo de tanto sucesso das ideias de Marx durante o século XX, o que deu origem ao marxismo, que são interpretações dos escritos de Marx. A verdade em Marx é uma verdade absoluta, moralista, doutrinária.  Isso dá à teoria marxista um caráter ilustrativo: como a “verdade” já foi descoberta (por Marx) cabia aos cientistas ilustrar com exemplos a ‘verdade’ enunciada por Marx. Por muito tempo os cientistas sociais aplicaram a teoria de Marx.
ÉMILE DURKHEIM
David Émile Durkheim nasceu em 15 de abril de 1858, na França, e morreu em 1917.  O princípio sociológico de Durkheim está fundado no social.  Para ele, o que não advém do social não tem importância para a sociologia que ele pretende fazer.  Isso porque a sociedade é a pré-condição de ser humano: é na sociedade que a vida social unifica, estrutura e gera significados para a existência humana.  Ele é determinista, dando absoluto predomínio ao social tanto no plano causal quanto no plano das ações.
O social existe no plano ideal.  Para Durkheim, é no social que está tudo aquilo que a gente sabe, que os antepassados descobriram e que as futuras gerações irão descobrir.  O social é universal e, por isso, objetivo e racional.
REPRESENTAÇÕES COLETIVAS
O social cria representações coletivas, que são atitudes comuns de uma determinada coletividade em uma determinada época.  Esta representação coletiva independe dos indivíduos, pois o indivíduo não tem poder criativo.  Em Durkheim, o social que determina o indivíduo.  É como se cada indivíduo trouxesse em si a marca do social, e esta marca determinasse suas ações.
SOLIDARIEDADE
A comunhão dessas representações coletivas é por ele chamado de solidariedade.  Não se trata de um sentimento de bondade, mas de uma comunhão de ideias.  A solidariedade é o partilhar de um mesmo conjunto de regras.
Há dois tipos de solidariedades, a mecânica ou por similitudes e a orgânica ou devida à divisão do trabalho.  A evolução de uma sociedade faz com que ela passe da solidariedade mecânica, em que o partilhar das regras é feita de maneira coerciva, para a solidariedade orgânica, em que o partilhar das regras sociais é feita a partir da diferenciação feita pela divisão do trabalho social.  Mas até em sociedades mais complexas ainda há espaço para a solidariedade mecânica.  É o caso do direito penal: o direito penal é um resíduo de solidariedade mecânica ainda existente nas sociedades complexas.
DIVISÃO DO TRABALHO E FUNCIONALISMO
A divisão do trabalho, para ele, pode ser: normal ou geral e anômica ou patológica.  Normal é o que se repete de maneira igual, o que funciona espontaneamente, gerando a solidariedade necessária à evolução do social.  O patológico é aquilo que difere do normal.  Durkheim acha que as coisas tendem à normalidade: até o patológico caminha para a normalidade.
Durkheim compara a sociedade a um corpo humano, onde o Estado é o cérebro, elaborando representações coletivas que aperfeiçoem a solidariedade.  Para ele, todas as partes do corpo tem uma função, não havendo hierarquias entre as diferentes partes.  É uma sociedade harmônica.
Até o crime é considerado normal porque não há sociedade onde não haja crime e também tem uma função social, a função de manter e gerar uma coesão social.  Quando acontece um crime, a consciência coletiva é atingida: o social é agredido pelo indivíduo.  Um ato não ofende a consciência coletiva porque seja criminoso, mas é criminoso porque ofende a consciência coletiva.  No entanto, o Estado pode fortalecer a consciência coletiva através da punição do criminoso.  É através da punição do criminoso que a consciência coletiva mantém a sua vitalidade.   A pena impede um crescimento exagerado do crime, não permitindo que ele se torne patológico.
Numa visão durkheimiana, a impunidade, não punição do crime pelo Estado, enfraquece a consciência coletiva, os laços de solidariedade, gerando um estado de anomia.  Quando o patológico prevalece sobre o normal, há uma desestruturação social.  O estado de anomia é uma situação limite e sem função na sociedade.



PRINCIPAIS CRÍTICAS SOCIOLÓGICAS A DURKHEIM
Durkheim dá excessiva ênfase ao social, o que acaba retirando a responsabilidade do indivíduo em suas ações.  Há pouco espaço para o indivíduo decidir, escolher, no pensamento durkheimiano.  Até a ideia de indivíduo, segundo ele, é construída pelo social.
Suas teorias sofrem muita influencia do positivismo e do evolucionismo social.
MAX WEBER
Max Weber nasceu em Erfurt, em 21 de abril de 1864, e faleceu em junho de 1920.  Weber vive numa época em que as ideias de Freud impactavam as ciências sociais e em que os valores do individualismo moderno começavam a se consolidar.  A grande inovação que Weber trouxe para a sociologia foi o individualismo metodológico.  Para ele, o indivíduo escolhe ser o que é, embora as escolhas sejam limitadas pelo grau de conhecimento do indivíduo e pelas oportunidades oferecidas pela sociedade.  O indivíduo é levado a escolher em todo instante, o que faz da vida uma constante possibilidade de mudança.  O indivíduo escolhe em meio aos embates da vida social.  Essa ideia faz com que o sentido da vida, da história, seja dado pelo próprio indivíduo.  Os processos não têm sentido neles mesmos, mas são os indivíduos que dão sentido aos processos.
AÇÃO SOCIAL
A sociedade em Weber é vista como um conjunto de esferas autônomas que dão sentido às ações individuais.  Mas só o indivíduo é capaz de realizar ações sociais.  A ação social é uma ação cujo sentido é orientado para o outro.  Um conjunto de ações não é necessariamente ação social.  Para que haja uma ação social, o sentido da ação deve ser orientada para o outro.  Seja esta ação para o ‘bem’ ou o ‘mal’ do outro.  A ação social não implica uma reciprocidade de sentidos: o outro pode até não saber da intenção do agente.
Para Weber há quatro tipos de ação social: ação social tradicional, ação social afetiva, ação social racional quanto aos valores, ação social racional quanto aos fins.
Ação social tradicional é aquela que o indivíduo toma de maneira automática, sem pensar para realiza-la.
Ação social afetiva implica uma maior participação do agente, mas são respostas mais emocionais que racionais.  Ex.: relações familiares.  Segundo Weber, estas duas primeiras ações sociais não interessam à sociologia.
Ação racional com relação a valores é aquela em que o sociólogo consegue construir uma racionalidade a partir dos valores presentes na sociedade.  Esta ação social requer uma ética da convicção, um senso de missão que o indivíduo precisa cumprir em função dos valores que ele preza.
Ação racional com relação aos fins é aquela em que o indivíduo escolhe levando em consideração os fins que ele pretende atingir e os meios disponíveis para isso.  A pessoa avalia se a ação que ela quer realizar vale a pena, tendo em vista as dificuldades que ele precisará enfrentar em decorrência de sua ação.  Requer uma ética de responsabilidade do indivíduo por seus atos.
RELAÇÃO SOCIAL
Até agora falamos de ação social em Weber, que em diferente de relação social.  Enquanto o conhecimento do outro das intenções do agente não importa para a caracterização da ação social, a relação social é o sentido compartilhado da ação.  Relação social não é o encontro de pessoas, mas a consciência de ambas do sentido da ação.  A relação social é sempre probabilística, porque ela se fundamenta na probabilidade de ocorrer determinado evento, o que inclui oportunidade e risco.  A vida social é totalmente instável: a única coisa estável da vida social é a possibilidade (e necessidade) de escolha.  Não há determinismos sobre o que será a sociedade.  Por isso, as análises sociológicas são baseadas em probabilidades e não em verdades.
DOMINAÇÃO
Como já dissemos a vida social para Weber é uma luta constante.  Por conta disso, ele não vê possibilidade de relação social sem dominação.  Todas as esferas da ação humana estão marcadas por algum tipo de dominação.  Não existe e nem vai existir sociedade sem dominação, porque a dominação é condição de ser da sociedade.  A dominação faz com que o indivíduo obedeça a uma ordem acreditando que está realizando sua própria vontade.  O indivíduo conforma-se a um padrão por sua própria escolha e acha que está tomando uma decisão própria.
Existem pelo menos três tipos de dominação legítima: legitimação tradicional, legitimação carismática e legitimação racional.  Para Weber a burocracia é a mais bem acabada forma de dominação legítima e racional.  A burocracia baseia-se na crença na legalidade ou racionalidade de uma ordem.  A burocracia mais eficaz de exercer a dominação.  E é uma consequência do processo de racionalização da vida social moderna, sendo responsável pelo gerenciamento concentrado dos meios de administração da sociedade.  A burocracia é uma forma de organizar o trabalho, é um padrão de regras para organizar o trabalho em sociedades complexas.  A modernização para ele é o processo de passagem de uma perspectiva mais tradicional do mundo (em que as coisas são dadas) para uma perspectiva mais organizada (onde as coisas são elaboradas, construídas).  Mas para Weber, só o herói individual (o líder carismático) pode alterar o rumo da história.  Mesmo que imediatamente, uma vez que para Weber toda legitimação carismática tende a tornar-se legitimação tradicional.
ESFERAS SOCIAIS
A dominação pode ser exercida em diferentes esferas da vida social.  As “esferas” são mais analítico-teóricas que reais, e são criadas pela divisão social do trabalho.  Uma esfera não determina outra esfera, mas elas trocam influências entre si.  As esferas são autônomas, mas não independentes.  A esfera é o lugar de luta por um tipo de sentido para as relações sociais.  Classes, estamentos e partidos são fenômenos da disputa de poder nas esferas econômica, social e política, respectivamente.
CLASSE E ESTAMENTO
Vamos falar um pouco mais de classe e estamento em Weber, até para diferencia-lo de Marx. Classe para Weber é o conjunto de pessoas que tem a mesma posição diante do mercado.  Há dois tipos básicos de classe, as que têm algum tipo de bem e as que não têm algum tipo de bem. Mas as classes também se diferenciam pela qualidade dos bens possuídos. As classes, como já dissemos estão ligadas à esfera econômica da vida social.  Para Weber, a esfera econômica não tem capacidade de produzir um sentimento de pertencimento que seja capaz de gerar uma comunidade.
Estamento está ligado à esfera social, que é capaz de gerar comunidade.  Estamento é um grupo social cuja característica principal é a consciência do sentido de pertencimento ao grupo.  A luta por uma identidade social é o que caracteriza um estamento.  A luta na esfera social é para saber qual estamento vai dominar.  As profissões podem ser analisadas como estamentos.
PRINCIPAIS CRÍTICAS SOCIOLÓGICAS A WEBER
Weber supervaloriza o indivíduo, tornando demasiada a cobrança sobre suas escolhas e conformidades.  Talvez nem tudo seja escolhido individualmente.
Ele ao mesmo tempo em que vê na burocracia forma mais acabada de dominação legítima, acha que a burocracia fortalece a democracia por causa de sua impessoalidade.  Talvez ele não tenha tido tempo para perceber que a burocracia tem a possibilidade de ser um instrumento de democratização, mas que frequentemente funciona de maneira contrária, servindo apenas como instrumento de dominação. CONCLUSÃO
RELEVÂNCIA ATUAL DE MARX, DURKHEIM E WEBER PARA A SOCIOLOGIA
A principal importância de Marx para hoje é que podemos dizer que ele ao enunciar que tudo vira mercadoria, acertou (ou contribuiu para isso).  A prevalência da economia hoje em dia, representada pela força dos próprios economistas na sociedade (funcionando como gurus), dá uma ideia da importância de Marx para as ciências sociais.  Outro aspecto importante é que o uso da teoria marxista hoje não precisa se preocupar com a análise da realidade política, uma vez que o socialismo real chegou ao fim.
A importância de Durkheim é que não se pode fazer sociologia da educação sem Durkheim, principalmente na análise de processos de socialização a partir da escola.  Durkheim fornece instrumentos para entender os processos.  O conceito de anomia, por exemplo, é básico para entender mudanças que impliquem alterações nas relações sociais, tais como modernização da sociedade, urbanização, industrialização, padrões morais e construção/alteração de identidades coletivas.

Weber talvez seja o mais atual dos autores clássicos da sociologia com importantes contribuições para a teoria antropológica, devido ao seu individualismo metodológico, para a sociologia das profissões, para a análise das relações de dominação e dos processos de racionalização das sociedades.  Mas sem dúvida a grande contribuição de Weber foi à necessidade de pesquisas empíricas para afirmar alguma coisa científica.  Isso porque sua teoria não aceita determinismos.

segunda-feira, 29 de setembro de 2014

Peter Berger - Socialização e controle social

Obra: A construção da realidade social (1966)

Aprendizagem, imitação e identificação.

Socialização primária

Os contatos caracterizados por alto grau de afetividade, que constituem as relações diretas e de forte proximidade entre os integrantes.

Socialização secundária

Socialização iniciada ao final da infância até os fins dos dias. A criança já socializada é introduzida em novas e diferentes realidades sociais, mais específicas, fora da família nuclear, nos espaços parciais. É o processo de socialização que ocorre nos locais de trabalho, nos grupos de amigos, nas práticas esportivas em grupo. Os agentes são mais diversificados e sua atividade na adaptação do indivíduo ao grupo em questão esta relacionada às escolhas e as situações sociais experimentadas pelos elementos envolvidos.

Agentes de socialização

MDCM (meios de comunicação em massa), programas e publicidade direcionadas ao público infantil.

Instituições sociais

Conjunto relativamente instável de padrões culturais sancionados coletivamente e qu servem como modelo para a construção da personalidade e das ações individuais. Essas instituições sociais determinam as diferentes maneiras pelas quais os indivíduos são moldados

Escola

Transmissão de padrões de relacionamento com grupos diversos, códigos, linguagens sociais e práticas sociais.

Religião

Padrões morais socialmente aceitos e reflexão sobre morte e o transcendente.

Questões

1- Em que consiste o processo de socialização e quais tipos de socialização podem ser identificados?

2- Explique a diferença entre grupos e instituições sociais.

3- De que modo o controle social permite estabelecer uma previsibilidade no comportamento dos indivíduos e grupos sociais?

4- Analise o impacto das tecnologias da informação nos processos de socialização e de interação social atualmente.